Coma Com Os Olhos

As mentiras que nos obrigam a engolir

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Faça o teste. Quais são as primeiras 10 coisas que lhe vêm à lembrança quando o tema é BRASÍLIA? Assim, de cara, minha lista saiu assim:
1 – Legião Urbana, Plebe Rude, Finis Africae e aquelas bandas muito legais que me lembram a adolescência.
2 – Oscar Niemeyer
3 – Oswaldo Montenegro (tudo bem, exagerei)
4 – Povo hospitaleiro, moças bonitas, gente em geral pra lá de bacana.
Aí começa a parte boa:
5 – Palácio do Planalto, Câmara Legislativa, Senado…
6 – Políticos de carreira
7 – Tiririca
8 – Roubalheira
9 – Casa da Dinda e essas aberrações de contos de fadas que, vira e mexe, aparecem no Brasil.

E, por último, mas não menos importante, o tema deste nosso petardo: GIRAFFAS!

Isso mesmo, aquela rede de franquias que oferece serviços de alimentação, nasceu lá na capital federal em 1981, sob a égide da “meia-boquice”, velha característica dos nossos representantes públicos que se escondem em Brasília em apartamentos de mil metros quadrados às nossas custas.
Mas “meia-boca” por quê?, dirá o correto defensor dos pescoçudos. Ora, vamos então à nossa combo-argumentação de hoje: Imagine você que o Giraffas tem um cardápio com mais de 60 itens. Repito: mais de 60 opções diferentes para o consumidor fazer uma boquinha. E viva a variedade! Agora, quem é que prepara e serve esse caminhão de comida ao público todos os dias? Uma equipe com MEIA DÚZIA de desesperados: 2 ou 3 pessoas na cozinha + 1 atendendo no caixa + 1 de apoio que está sempre usando um colete com a frase “em treinamento” e você nunca sabe onde está – limpando o banheiro não é porque o deles é sempre uma imundície – e um gerente aspone com a maior pinta de quem vive tramando um assassinato em massa.
Aí você se pergunta: de que adianta tamanha variedade sem uma estrutura adequada para servi-la em tempo razoável e com a qualidade necessária? É, minha gente, porque no Giraffas é assim: se mais de cinco clientes chegarem ao mesmo tempo , instala-se o caos no recinto. E dá-lhe espera!
Chefes importantes como o Gordon Ramsay, aquele do Hells Kitchen, e o Tom Colicchio, dono de restaurantes estrelados como o Craft, vivem apregoando por aí: muita variedade pode comprometer a qualidade, portanto, concentre-se no que é bom”.
citacao Aí vem um cozinheiro-chefe de um lugar chamado GI-RA-FFAS e inventa um cardápio que mistura um batalhão de carne vermelha, frango, peixe, camarão, ovo frito, saladas com isso e aquilo, arroz com feijão e farofa, chiquenitos de todo tipo, batata frita com carinha de bicho, quatro ou cinco sobremesas e uma vasta galeria de hambúrgueres com aquela qualidade de solado de havaianas dos anos 80, que quando soltavam as tiras a gente improvisava com grampo de cabelo ou prego enferrujado. Ufa!
Mais de 60 itens no cardápio e meia dúzia de destreinados para dar conta. É claro que o resultado disso vai ser alguma coisa parecida com um episódio dos Trapalhões, com Sargento Pincel, Tião Macalé e tudo.
E é lógico que a culpa não é do profissional que está ali encurralado no balcão, defendendo seu emprego, sobrevivendo. A culpa é toda do sistema, da máster franquia, do comando, dos donos que, para variar, querem ganhar um caminhão de dinheiro sem investir em qualidade.
O que acontece com esses caras? Será que quando os criadores do Giraffas escolheram esse nome eles já adivinhavam a cena lamentável dos clientes na fila do caixa esticando o pescoço para olhar lá na frente e calcular quanto tempo ainda esperariam em pé naquela maldita fila da jaula da Monga?
Olha, o pior é que o arroz e o feijão do lugar são gostosinhos. Quebram um enorme galho. Em geral, a comida é “honesta”. Então, torço honestamente para que essa empresa animal melhore em inúmeros outros quesitos. Aliás, é para isso que esquentamos a bunda no banco escrevendo estas bombas sobre a vida dos outros. Para criticar e não desdenhar o que queremos comprar.

Dito isso, vamos à avaliação pura e simples:
1 – O Giraffas tem um sistema de trabalho BURRO (por que não deixam uma assistente na fila anotando os pedidos dos clientes? Assim, evitariam que o consumidor só começasse a procurar seu pedido no cardápio a partir do momento em que a moça do caixa diz “pois não”. Porque lá é assim mesmo. De todos os seres que pisam no Giraffas, a maioria passa meia hora de boca aberta na fila sem decidir o que vai comer, só o fazendo quando o “atendimento” tem início propriamente. Inacreditável! Culpa do consumidor? Não! Culpa do sistema adotado).
2 – O atendimento no Giraffas é BURRO! (a mesma menina que pega o seu dinheiro no caixa vai tirar a sua casquinha – de sorvete, não do nariz. Pura perda de tempo – sem falar na higiene comprometida).
3 – Os gira-franqueados são BURROS (se fossem espertos teriam uma franquia do McDonald´s).
Agora, pergunto. Com tanta burrice amontoada, por que não arrumam logo um nome mais coerente com tudo isso? Sugestão: BURRAFAS!
Não é perfeito? BURRAFAS! Vai melhorar pelo menos o humor de quem come. E a gente não ia precisar comer o rabo dessa empresa aqui no CCOO, que tem coisas muito melhores para comparar e provar.
P.S.: por favor, pessoal do Giraffas que eu frequento porque o arroz e o feijão são gostosinhos:  NÃO CUSPAM NA MINHA COMIDA. É pecado.

Texto:

andre

Ilustração:

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Sinal dos tempos. Quem quer a sua grana tá a cada dia mais descarado. O mundo virou de cabeça para baixo. Em vez de agradar aquele que vai comprar, aquele que quer vender parece fazer questão de exibir o seu ódio a qualquer pessoa que guarde a menor semelhança com um consumidor.
Em quase todo balcão tem uma moça pronta para enfiar a mão na sua cara. Sabe a mulher que passa o dia na porta do Walmart oferecendo cartão de crédito? Você chega e a conversa acontece mais ou menos assim:
- Quer fazer o cartão da loja hoje, senhor?
- Não, obrigado.

Aí eu sempre tenho certeza de ouvir baixinho um “então, và à merda”. Porque seria a resposta mais coerente com a cara que ela faz ao escutar minha negativa. Sem nem um “obrigada, boas compras” ou qualquer sinal de boa educação, ela vira as costas e vai abordar o próximo.
Assim como as fotos dos rótulos que a gente compara com a realidade aqui no CCOO, o atendimento na maioria das empresas do varejo é uma tremenda mentira. Pode reparar: os funcionários das propagandas estão sempre sorrindo, alisando as batatas uma por uma na gôndola, gentis até com as velhas e as crianças. Gente capaz de olhar com ternura para um pedaço de queijo. Impressionante.

citacaoEntão você desliga a TV e vai ao Walmart esperando “pagar menos e viver melhor”. Nossa Senhora! O Mestre dos Magos transformou a modelo do comercial em um brucutu mal encarado que você tem certeza de já ter visto no Polícia 24 horas.
Nas gôndolas do setor de hortifruti, as batatas parecem alguma coisa como um calcanhar de andarilho ou o saco do Vampeta na G-Magazine. Experimente derrubar algum produto pra ver a cara do sujeito de uniforme fuzilando você. Tente derrubar
de novo e ficar ali esperando. Um soco na boca seria mais agradável.
Atenção, masoquistas, ouvintes de música sertaneja e pervertidos afins!
Todo mundo já pro Walmart!
Fogo! E aquelas moças fazendo demonstração de produto, então? Há dois tipos básicos de promotora em supermercado: as que enfiam violentas uma torrada na sua boca (podia ser pior) e as que “fazem um doce”. Para essas últimas, você precisa pedir “pelo amor de Deus me dá um gole desse suco, minha filha?” E ela faz uma cara de cu que deixaria no chinelo até a Ana Maria Braga quando é contrariada por um entrevistado.
Quanto despreparo! Quanto desleixo! Quanta falta de cuidado com o consumidor!

Ninguém me tira da cabeça que o sujeito responsável pelo treinamento dos funcionários do Walmart é um velho
mentecapto, funcionário da casa há cento e vinte e dois anos que, por não poder ser demitido – a rescisão quebraria até
o Walmart – resolveu sacanear a “firma” e, por extensão, todos os seus malditos consumidores, como você e eu. Alguém esquece o velho tomando sol no quintal e ele liga no RH:

- Humilhem agora um milhão de clientes!
O velho mija no pijama e, só de raiva, baixa uma norma nova para o encarregado dos caixas:
- Negócio é o seguinte. Hoje ninguém fica menos de uma hora e meia esperando no caixa rápido!

É assim, minha gente. Pode comparar. Por essas e outras, eu NÃO PISO MAIS no Walmart!

Texto:

andre

Ilustração:

joao_tiago