[NÃO PISO MAIS] A volta do Kit Kat
July 10, 2011 • NÃO PISO MAIS • Comments
Mistério. Taí a única explicação para o foguetório descabido em torno do relançamento do Kit Kat no Brasil. Se você não sabe, explico: o produto em questão é uma espécie de primo rico do Bis. Nada mais do que um biscoito waffle coberto por uma camadinha de chocolate que a Nestlé tem o descaramento de chamar de “grossa”, mas vamos em frente.
O Kit Kat era vendido aqui no Brasil em 1994 – aliás, mal vendido. O desempenho comercial foi tão medíocre que a Nestlé tirou o dito cujo do mercado nacional, deixando aqui e ali meia dúzia de órfãos choramingando a saudade de um chocolate (sim, tem gente que não tem o que fazer mesmo).
Desses 15 anos para cá, Kit Kat virou uma dessas coisas que a gente só via em terras brasileiras nas mãos dos deslumbrados que viajavam para fora e faziam questão de voltar enfiando em nossa cara um sem-número de gadgets e souvenires (do gênero I love New York, sabe?). Porque o negócio do cara não era o chocolate, mas sim escancarar a Deus e ao mundo que fez turismo internacional e é chique e pirilampos lhe saem pelo reto a cada pum e blablablá. Eu me incluo nessa categoria, admito.
Ah! Nas lojetas de muamba você também encontrava o distinto, vendido como iguaria importada a preço de ouro, no melhor estilo “pega-trouxa”. Enfim, Kit Kat por aqui era coisa “para poucos”.
Agora vem a Nestlé, relança o produto no Brasil e uma verdadeira comoção popular tem início nos supermercados pátrios. Tudo bem, respeito as carências alheias, mas alto lá, minha gente! Esse tipo de supervalorização sempre acaba mal!
Pensemos juntos. No primeiro dia das vendas de Kit Kat no varejo, o Walmart estava vendendo a unidade a R$ 2,35. Dois dias depois, o preço subiu para R$ 2,50. Em alguns supermercados já está R$ 2,75. Por quê? Porque vendeu MUITO! Porque uma legião de zumbis invadiu o mercado, arrebatando às cegas, em ritmo ensandecido, caixas inteiras, fechadas, do tal chocolate de embalagem vermelha. Qual será o resultado disso? Óbvio, é o preço lá em cima. “Se os consumidores estão gostando tanto, vamos escorchar que eles não vão reclamar.”
Por que tamanho sucesso? Cá pra nós, não tem NADA demais no Kit Kat. É gostoso, claro, mas não é essa Coca-Cola toda, não. Pelo menos, não para aceitarmos pagar tão caro e ainda sair fazendo festa. A Nestlé que nos ouça e nos responda logo, porque eu acho que, em comparação com as versões de free shop, a cobertura de chocolate afinou. Então, das duas, uma: ou engrossa essa cobertura ou afina esse preço. Francamente, está caro.
De todas as pragas que assolam o planeta, a mais daninha para o ser humano e o maior desafio para a ciência não é o gafanhoto, a traça, o spam ou os grupos de pagode. É o bajulador. Essa racinha miserável e sem mãe nasce em casulos pendurados nas protuberâncias que ficam abaixo da cintura de quem está por cima e, agora, estão balançando nas bolas da Nestlé – decerto esperando ganhar de presente um carregamento vitalício de Kit Kat. Vão esperando!
Então, minha gente, MENOS! E Nestlé, MAIS chocolate nessa bolacha, por favor.
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