Olá amigos do CCOO. Aqui quem fala é o , ou Papai Peoh como eu assinava antigamente. Fiquei um pouco afastado daqui devido o nascimento de minha filha, mas como diz o ditado o bom filho a casa torna e cá estou para reclamar um pouco.
A Nestlé apresentou no último dia 23/02, mais uma novidade em sua linha de produtos:
a linha Nestlé Fast, de bebidas lácteas. Pra falar a verdade eu nem sabia que seria lançado. Mas ontem, ao fazer algumas compras em uma das Lojas Americanas me deparei com essa maravilha engarrafada: Bebida Láctea Alpino. Alpino em garrafa? Como pode? Será que por causa do calor estão vendendo o chocolate já derretido e embalado? Eu, fã do chocolate da embalagem dourada não perdi tempo e peguei logo duas para criar o post da coluna Prova aê aqui no blog.
Embalagem fotografada e bebida gelada nem perdi meu tempo lendo as informações nutricionais e fui logo abrindo o recipiente. O cheiro era bom. Me lembrava um pouco o dito chocolate mas a minha surpresa foi quando provei. A bebida não é ruim. Eu gostei. Me lembra muito o também saboroso Chocomilk, (apesar de um pouco mais aguado) mas tinha algo de muito estranho, não parecia Alpino. Outro gole e a confirmação: não, não tinha gosto de Alpino. Não que fosse ruim, mas definitivamente não era o maravilhoso sabor do Alpino.
Lá fui eu investigar a embalagem atrás de alguma explicação em letras miúdas e não é que encontro a seguinte frase: “Este produto não contém chocolate Alpino.” (veja foto abaixo) Como assim Dona Nestlé? Uma bebida com o nome “Alpino” que não contém chocolate Alpino? Me senti o próprio palhaço dos Alpes. Pesquisei um pouco no São Google e li, em uma publicação (Época negócios 24/02/2010) que este é um produto voltado para um público jovem que se alimenta mal por falta de tempo. É, falta de tempo inclusive de ler a embalagem e perceber que o produto não contém o que aparece estampado em letras garrafais. Na mesma publicação, um diretor da unidade de bebidas da empresa afirma de maneira muito verdadeira que esta “é uma linha de produto totalmente diferente de tudo o que fizemos”- correto, diferente inclusive do que não deveria ser, que é o chocolate Alpino. Não contente, entramos em contato com o SAC da empresa (não eu pessoalmente, mas um companheiro de profissão) que nos informou que a “marca Alpino é somente uma referência de sabor e que é IMPOSSÍVEL, quimicamente falando, colocar o tal chocolate nesse tipo de bebida.”
Ahhh Dona Nestlé. Não esperava isso de uma senhora respeitosa como você. Então é assim? Bebida láctea de Alpino que não contém chocolate Alpino? Legal então, também vou estampar em meu currículo “PhD” e depois, em letras minúsculas declarar que não possuo doutorado mas que essa é uma “referência de conhecimento”. Assim é fácil conquistar mercado não?
Disse e repito: o produto é bom, mas não é o que promete ser. Este é o problema. Não havia, sinceramente, a necessidade disso. Porque tentar nos iludir estampando nossa marca predileta de chocolate e depois sussurrar em letras miúdas que ele não está lá? Não podiam ter deixado claro que era somente uma “Referência ao sabor do chocolate”? Também sou publicitário e sei que muitas vezes tomamos nossos consumidores pelo impulso, ainda mais em um produto como este. Ninguém coloca este tipo de produto em uma lista de compras, pelo contrário. ele fica lá, em pontas de gôndolas com um belo PDV, ou ainda no corredor próximo aos caixas. Porque é assim que funciona, é assim que se vende esse tipo de produto, pelo impulso. Mas devemos tomar cuidado, Dona Nestlé, para que esse estímulo ao consumo seja, no mínimo baseado em verdades. E que não ultrapasse a tênue linha do bom senso.
Apesar de ter gostado do produto me senti lesado e enganado. Ao invés de estar escrito na embalagem “Agite antes de beber” e “Beba gelado”, deveria vir “LEIA antes de beber” e “Beba ENVERGONHADO”.
